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COB lança Manual de Salvaguarda Internacional para Crianças no Esporte

Documento traduzido para o português foi apresentado por Havard B. Ovregard, do Comitê Olímpico Norueguês, durante o I Fórum Nacional do Esporte Seguro

Por Comitê Olímpico do Brasil

4 de set, 2024 às 12:00 | 5 minutos de leitura

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“A alegria do esporte para todos”. De acordo com Havard B. Ovregard, um dos palestrantes do I Fórum Nacional do Esporte Seguro e consultor sênior do Comitê Olímpico Norueguês (CON), esse é o lema que norteia o trabalho de todos na instituição do país nórdico. Todos os dias é preciso pensar em como contribuir para que crianças, jovens e adultos sejam felizes praticando esportes. E é justamente por isso que ele lidera um importante trabalho de salvaguarda na Noruega e foi o responsável por realizar o workshop de lançamento do Manual de Salvaguarda Internacional para Crianças no Esporte, totalmente traduzido para o português pelo Instituto Olímpico Brasileiro, braço de educação do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

“Depois do movimento ‘Me too’, o número de denúncias por mês dobrou na Noruega. E eu era o único na minha organização que trabalhava com isso. Agora tenho mais alguns companheiros trabalhando comigo. Mas toda vez que temos um novo Diretor de Comunicação, eles chegam pra mim e falam: você pode ser um pouco mais discreto em relação a esse assunto? Não é bom para a imagem da instituição. E com o tempo eu consigo provar para eles que é o contrário. O efeito de falar sobre isso é que as pessoas passam a confiar que queremos ter zero tolerância quanto ao abuso e discriminação. Se você se posicionou, isso mostra que é uma questão importante para a instituição. Principalmente porque não é uma questão de se (a violência) vai acontecer, é quando vai acontecer”, explicou Ovregard.

E é por isso que o Manual de Salvaguarda Internacional para Crianças no Esporte é tão importante. O documento traz oito salvaguardas, ou seja, oito padrões mínimos de segurança para o ambiente esportivo com os objetivos de auxiliar na criação de um ambiente esportivo seguro para crianças, independentemente do lugar onde participam e do nível em que se encontram; prover uma referência visando auxiliar os provedores e financiadores da prática esportiva a tomarem decisões esclarecidas; promover boas práticas e reprovar as que que causem danos às crianças; e oferecer clareza ao tema de salvaguardas para crianças e para todos que estão envolvidos no esporte.

“As intenções e políticas podem ser boas, mas o que te define é como você trata as pessoas. Não é questão do que você quer dizer, é a consequência do que você fala. Não se pode fazer ou falar coisas que podem ser interpretadas como ruins para outras pessoas. Um simples abraço pode ser ruim para quem não gosta de ser abraçado. Então, você não deve fazer isso porque é sobre como o que você faz é recebido pela outra pessoa”, explicou Havard, que, em estando no Brasil, aproveitou para fazer uma analogia com o esporte mais praticado no país.

“Podemos usar o futebol como exemplo. Se você tocar com a mão na bola dentro da área é pênalti. A penalidade é a consequência, independentemente de você querer encostar a mão na bola ou não. A sua ação tem uma consequência e ela pode ser negativa”, completou.

Os princípios que nortearam a elaboração do Manual de Salvaguarda Internacional para Crianças no Esporte foram: o melhor interesse das crianças; o direito das crianças de praticar esportes; o direito das crianças de estarem e se sentirem seguras; direito das crianças de terem suas vozes ouvidas; direito de não ser discriminado; responsabilidade do esporte de proteger as crianças; e a certeza de que certos fatores tornam algumas crianças mais vulneráveis.

Assim, foram definidas as 8 salvaguardas: Desenvolvimento das políticas; Procedimentos visando dar respostas às questões relativas a salvaguardas; Conselho e apoio; Redução de risco para as crianças; Orientações quanto ao comportamento; Recrutamento, capacitação e comunicação; Trabalho com parcerias; e Monitoramento e avaliação. Encerrando a sua apresentação, Ovregard citou uma frase impactante de uma entrevista que deu ao maior jornal da Noruega, um alerta para todas as instituições esportivas.

“Todo clube esportivo deve pensar (...) ou já aconteceu no nosso clube antes, ou está acontecendo agora, ou acontecerá no futuro. Se você nunca recebeu denúncias sobre nenhuma violência acontecendo na sua instituição, isso não é uma boa notícia”.

O COB, por sua vez, tem realizado diversas ações para a promoção do Esporte Seguro, como a criação de um canal de denúncias, campanhas e atividades educativas nos eventos realizados pela entidade, assim como cursos on-line e gratuitos sobre o tema.

“O COB avançou bastante nessa área, mas essa é uma responsabilidade compartilhada. São 42 organizações signatárias do Programa Esporte Seguro. Os maiores esforços e investimentos do COB são na prevenção aos desvios éticos e, por isso, precisamos de ainda mais pessoas e instituições engajadas nessa causa”, explicou Soraya Carvalho, líder do Programa Esporte Seguro no COB.

Atualmente, mais de 20 mil pessoas já participaram das ações do COB sobre os temas de ética, prevenção e enfrentamento da violência, assédio, abuso e racismo.

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